Subscribe
Youtube
25 de ago. de 2014

O valor das coisas

Impressionante como em todo lugar não se fala em outro assunto. Na semana passada, depois de passar na banca do Carlinhos e pegar os jornais, aproveitei para rever os amigos e tomar uma gelada. Domingo de manhã o pessoal gosta de se encontrar no bar do Toninho. João Gandóla, como sempre o mais incisivo de todos, me interpelou dizendo que está inconformado com o preço dos produtos nas prateleiras. “Aos sábados, faço as compras com minha mulher. Gasto em média duzentos reais por semana e ainda assim saímos com apenas três sacolinhas! Há algo de errado com a economia!” Tôco, um alemão de não mais de um metro e sessenta, retrucou: “Se tá ruim pra você Gandóla, imagina pra quem ganha um salário mínimo! Num dá nem dez mil real por ano! Mas também o que é dez mil, né mesmo?” Percebi que a conversa caminhava para um rumo bastante fértil, mas já era quase hora do almoço então preferi pagar a cerveja, pegar o frango e voltar para casa.


O que percebo é que cada vez mais as pessoas estão se conscientizando, fato que deve preocupar algumas esferas políticas. E as eleições estão chegando, com muitos candidatos e poucas propostas. Por falar em propostas, no sábado retrasado, encontrei casualmente o meu grande amigo e confrade intelectual, Thiago Buoro, que estava a passeio aqui na querida Cidade Azul. Desde que foi para Araraquara nos vemos muito pouco devido às tarefas que acumulamos, tanto no trabalho quanto na academia. Entre as muitas coisas que conversamos, falávamos justamente das propostas que arquivávamos quando éramos mais jovens, no tempo em que os candidatos até tinham plano de governo. Thiago e eu nos encontramos logo depois do show do Ari Toledo que, aliás, foi maravilhoso e para o qual abro um novo parágrafo.

Antes do politicamente correto e de seus disparates – que facilmente entrariam para o FEBEAPA de Stanislaw Ponte Preta – anedotas acerca do status quo eram feitas e permanecia tudo bem, pois piada é isso mesmo! O mais engraçado dos Trapalhões, criador de um novo glossário (quem não lembra de forévis, cacíldis, coraçãozis?) é a prova de como tudo era mais simples quando não havia essa marcação cerrada com os humoristas. Bom, isso é apenas minha opinião, ou seja, o que eu acho. A propósito, lembrei uma piadinha que Ari contou no show: diz que no tempo da ditadura (a militar) perguntaram o que ele achava dos métodos utilizados pelo regime. Eis que respondeu: “Eu não acho nada. Tinha um amigo que achava e não estão mais achando o meu amigo.”

Mas voltando ao meu encontro com Thiago, conversamos também sobre o aniversário do Plano Real. Lançado em 1994, no governo de Itamar Franco, o programa tinha como principal objetivo conter a hiperinflação. A idealização do projeto e a execução das reformas foram conduzidas pelo então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. Thiago me ajudou a recordar que quando do lançamento da nova moeda um real tinha o mesmo valor de um dólar. O papo foi bastante frutífero, mas ficamos com a impressão de que vinte anos depois, em se tratando de poder de compra, a garoupa estampada na nota de cem virou um pequeno lambari e que a desvalorização do Real, infelizmente, vem se tornando uma crescente, fato que pude perceber também com o comentário de João Gandóla. Economicamente falando, o próximo presidente terá um enorme trabalho a partir de 2015.

Artigo publicado na quarta-feira (20) na edição impressa do Jornal Cidade.

0 comentários:

Postar um comentário