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13 de jun. de 2014

E se?

E se os hospitais públicos fossem todos bem equipados, se não faltassem médicos e enfermeiros, se os médicos e enfermeiros fossem bem remunerados e não precisassem exceder a carga horária de trabalho para dar conta da demanda, se os usuários não tivessem que esperar por horas na fila por uma vaga que não chega nunca deitados em macas abandonadas nos corredores ou, não pouco comum, no chão frio dos corredores gélidos e cinzas dos prontos atendimentos. E se o Ministério da Saúde deixasse de reconhecer, através de notas escritas pela assessoria, que há problemas no setor e começasse a promover melhorias significativas com o dinheiro dos impostos que pagamos religiosamente.

E se, da mesma forma, as escolas públicas dispusessem de equipamentos da mais alta qualidade que ajudassem os professores a prender a atenção dos alunos no intuito de promover o conhecimento. E se os professores ainda pudessem sentir orgulho da mais bela das profissões, por serem valorizados enquanto educadores e bem remunerados como profissionais da educação. Se o ensino de qualidade realmente chegasse aos rincões do país para que atuasse como modificador e pudesse transformar de forma verdadeira a vida das pessoas, que estão cada vez mais aflitas e ansiosas por mudanças sinceras e significativas, não apenas como peça de publicidade.

E se os políticos tentassem, ainda que com muito custo, reconquistar a confiança do povo e, acima de tudo, promovessem o bem estar social ao invés de viver tentando implantar planos de poder e de eternização de cargos públicos. E se os nossos representantes olhassem para a beira do caos em que se encontra o Brasil que depois duas décadas de estabilidade volta a figurar no ranking dos países com as maiores taxas de inflação do mundo e os preços — desde o tomate às carnes, do combustível aos planos de saúde — aumentam vertiginosamente. E se os governantes deixassem de confiar que podem sempre se posicionar ilesos acima da ética e da moral para alcançar seus objetivos como que acreditando que os fins justificam os meios.

E se nós, enquanto eleitores, prestássemos mais atenção no que nossos representantes políticos fazem com o direito de representação que os entregamos através do voto e começássemos, assim, a descartar a possibilidade de que essas pessoas se eternizem nos cargos e transformem a política em profissão. A vontade de ocupar um cargo público deve ser precedida não somente pela aspiração de ajudar os semelhantes (o que já seria um grande avanço se dermos uma olhada na situação brasileira atual), mas também por uma vocação que deve estar intrínseca ao pretendente para que não caia na lógica da conformidade com os interesses de grupos privados, do corporativismo, da tecnocracia e da corrupção. É preciso observar e estar sempre atento!

Se todas essas colocações expressas anteriormente precedidas por conjunções subordinativas condicionais passassem do plano das aspirações para o plano das ações, talvez, o povo brasileiro (para usar uma expressão cínica e já muito gasta pelos políticos) poderia comemorar os jogos da Copa do Mundo com maior intensidade. Talvez se vivêssemos em outro Brasil, com maior distribuição de renda e menor desigualdade social veríamos mais ruas pintadas com as cores verde e amarela. As bandeiras já estariam penduradas nas sacadas dos apartamentos e as antenas dos carros todas enfeitadas com fitas coloridas, como sempre aconteceu. De qualquer forma, no entanto, entretanto e, portanto, a gente vai continuar torcendo pelo Brasil, torcendo para que seja, verdadeiramente, um país de todos. Boa Copa a todos!

Artigo publicado na quarta-feira (11) na edição impressa do Jornal Cidade.

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