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17 de mai. de 2014

E a educação?

Não é de hoje que a educação pública está – para ser bastante otimista – uma calamidade. As autoridades não aparentam estar preocupadas com o conhecimento adquirido pelos alunos, mas sim com a “universalização” do ensino. Não bastasse o descaso por parte do governo parece que – ainda que inconscientemente – os alunos estão se espelhando na máxima “Eu cheguei à Presidência mesmo sem ter um curso superior”, ou na fala de MC Lon que, em entrevista recente ao jornalista Roberto Cabrini, do Conexão Repórter, disparou: “Eu construí essa casa no valor de 800 mil reais e não precisei fazer faculdade”.

Mas isso não é tudo, pois outras coisas preocupam quando o assunto é Educação. Recentemente, alunos da rede pública da cidade de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, receberam cadernos com erros de escrita no Hino Nacional. Alunos da cidade de Jundiaí também foram contemplados com erros no material de geografia, dessa vez, pasmem, com a ausência do Distrito Federal no mapa do Brasil. Teve também o caso dos uniformes do “Centro de Encino Médio 01”, distribuídos aos alunos daquela escola.

Além de tudo isso, o que impressiona é que a garotada também não demonstra muito interesse em aprender e se dedicar aos estudos e não percebe que está sendo preparada para a ignorância e que ignorantes em um país de governantes déspotas que conta ainda com uma música de péssima qualidade serve apenas como massa de manobra. Atualmente, os jovens estão aficionados com essa onda da ostentação que, como bem definiu meu amigo Pavão, nada mais é que “a vontade de mostrar aquilo que você não precisa e que foi comprado (?) com um dinheiro que você não tem para alguém que você não dá à mínima”.

Domingo passado no bar outro amigo disse estar preocupado com o que seus filhos estão ouvindo e, sobretudo, muito atento com o que andam fazendo na escola. Marinho é gente boa, um típico trabalhador suburbano com carteira assinada e que não deixa faltar nada para a família que construiu junto com a esposa. Sua maior preocupação é com a educação dos meninos, um com 12 e outro com 14 anos. Ainda que tolhido de muitas oportunidades na vida, Marinho acha importante adquirir uma boa educação para que se possa vislumbrar um bom lugar no futuro.

- É esse tal de funk ostentação! – esbravejou o meu amigo tentando encontrar alguma melodia na letra: “Contando os plaque de 100, dentro de um Citroën, ai nóis convida porque sabe que elas vêm, de transporte nóis tá bem, de Hornet ou 1100, Kawasaki, tem Bandit, RR tem também” – sucesso (?) do MC Guime. Indignado ainda questionou: “em que isso pode contribuir para a formação intelectual dos meus meninos? Eles ainda não sabem tabuada e desconhecem a forma correta de escrever algumas palavras!”.

O funk enquanto entretenimento musical pode até ser dançante e causar certo furor, mas como mensagem não transmite nada valor para a juventude em suas letras tétricas e colaboram (com intenção ou não, não sei) para o descaso do governo com a educação. Conheço Marinho há muito tempo, desde a época em que tocávamos Raul em volta da fogueira e sei que sua repulsa não se deve apenas ao comum e compreensível conflito de gerações, mas sim a uma indignação com essa tamanha inversão de valores. Não há nada de rebeldia nas letras de funk, apenas o ter se sobrepondo ao ser. Enquanto isso, os jovens sem a instrução necessária, não percebem o estratagema e o ensino no Brasil vai se tornando, cada vez mais, arma nas mãos de “músicos” desafinados e políticos mal intencionados.

Artigo publicado na quarta-feira (14) na edição impressa do Jornal Cidade.

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