Quando descobre que a ex-mulher, Christina Cutler (Susan Blakely), está com uma doença incurável, o caminhoneiro e ex-lutador, tenta reconquistar o amor do filho, Michael Cutler (David Mendenhall), que recebeu educação em um colégio militar e sofre grande influência do avô materno, Jason Cutler (Robert Loggia). Para poder ficar com a guarda do filho, Falcão enfrenta muitos obstáculos que vão desde a apatia do filho até a realidade de sua condição financeira em detrimento a do ex-sogro, porém resolve se inscrever em um campeonato de queda de braço com o intuito de ganhar o suficiente para recomeçar ao lado do unigênito.
O filme está repleto de pontos que valem a pena serem avaliados, principalmente em tempos difíceis como o que estamos vivendo em que os valores sofrem inversões e são vistos como sinal de fraqueza e não o contrário. A diferença social entre Falcão e Christina, por exemplo, é um fator que pode ter implicado na animosidade do sogro para com o caminhoneiro, que tirando a roupa do corpo e o caminhão, não tinha mais nada. Fica implícito também que a separação do casal talvez tenha ocorrido devido a esse motivo, mas veja: mesmo com o sofrimento e demais implicações, Falcão transmite durante todo o tempo que passa com o filho valores que são inerentes ao ser humano para seguir com uma boa vida.
Da mesma forma, há também a relação com o trabalho de caminhoneiro e o amor que aparenta ter pela profissão, sentimento que é evidenciado diversas vezes e que, em determinado momento, explicita. “Pra dizer a verdade, o caminhão é a coisa mais importante para mim. Não me importa se vou ser o campeão, isso não é o mais importante. Eu necessito é do caminhão.” Muito mais que um filme sobre um caminhoneiro durão em disputas de braço de ferro, Falcão – O Campeão dos Campeões, é um exemplo de que bons filmes podem ser feitos com baixo orçamento e que, apesar de quando lançados serem mal recebidos pela crítica acostumada a babar ovos para as megaproduções, podem se tornar bons exemplos de princípios em um futuro não muito distante.
O que fica de todo e qualquer julgamento que se faça desse filme esquecido nas prateleiras das antigas locadoras e constantemente reprisado nas madrugadas das tevês a cabo é o exemplo. Aprendemos desde a mais tenra idade que um grama de exemplo vale mais que uma tonelada de conselhos. Às vezes um filme, independente do gênero, chama a atenção por uma frase solta que é dita em um momento qualquer enquanto o telespectador se distrai levando a pipoca à boca. Over the Top, muito além de ser um filme com as qualidades que acabo de descrever é significativo para mim justamente por uma frase que é a síntese de tudo e serve como exemplo. “O mundo não para de girar. Quando você quer algo, tem que pegar”, diz Falcão para o filho. Pois é! A vida é conquista e o mundo, definitivamente, não para de girar!
Artigo publicado na sexta-feira (29) na edição impressa do Jornal Regional.